O FC Porto sentiu saudades de Quaresma, até Jorginho ter tomado conta da ocorrência; o Leiria quis mesmo atacar e, se calhar por isso, sofreu um golo de contra-ataque; Lucho foi (mal) expulso pela primeira vez na carreira e Adriaanse está a uma vitória e um empate do título, ou menos, dependendo do que suceder hoje na Amadora. Os despojos de Alvalade não geraram um FC Porto melhor, embora haja atenuantes, mas deixaram imperturbada a eficácia e serenidade do principal candidato ao título, daí os primeiros três pontos dos 12 que os dragões ainda tinham por jogar. Do Leiria, que Jorge Jesus prometera de ataque, viu-se a atitude, sem dúvida, e quatro remates, nenhum deles nos 12 minutos em que teve a vantagem de jogar contra uma equipa inferiorizada.

No regresso ao 3x3x4, o FC Porto entendeu mal o adversário, talvez porque estivesse demasiado ocupado a tentar perceber-se a si próprio. Ao contrário do que sucedeu aquando da primeira ausência forçada de Bosingwa, o lateral-direito foi Pedro Emanuel e Pepe manteve-se como central. Um desastre, apesar de ter custado apenas um cruzamento (35’) que Paulo César desbaratou. Sem velocidade nem rotina para a tarefa, já que mesmo como central costuma jogar sempre na esquerda, Pedro Emanuel passou na segunda parte para o outro lado e foi Ricardo Costa, saído do banco, quem acabou definitivamente com o que o Leiria tinha de melhor.

No papel e na inclinação, o visitante quis discutir. Jogou com dois médios ofensivos, Harison e Jaime, três elementos na frente e até fugiu da tradicional fronteira que a linha da bola costuma significar. De concreto não conseguiu nada; rematou pela primeira vez aos 35’ e do ataque só conseguiu tirar a vantagem de afastar o FC Porto da sua área mais um tempinho. Seria isso o que Jesus queria dizer quando afirmou que, para combater os dragões, era preciso atacar tanto como eles. Não se pode é garantir que tenha sido assim, porque o onze de Adriaanse dispunha de explicação própria para a branca de ontem: Quaresma de fora; um Alan dos piores e Jorginho hesitante em pegar no jogo. Ou sem autorização, claro.

Para incomodar o FC Porto lá na frente, Jesus não fez a equipa subir; esticou-a, gerando um vasto espaço no meio-campo que estava mesmo a pedir ao adversário um bom transportador de bola. Ocupado Lucho com a ajuda a Pedro Emanuel, desviado Jorginho para a esquerda, os azuis e brancos não tiveram nenhum até Paulo Assunção ter resolvido fugir, da defesa até ao ataque, no movimento que acabou no golo de Adriano, a um minuto do intervalo.

Emendas feitas por Adriaanse, Lucho ficou livre para pegar na equipa e Jorginho passou para o centro, onde rapidamente se tornou na peça que o jogo estava a pedir. Não houve mais golos, mas as situações apareceram – e só de um lado, porque o ataque do Leiria desapareceu até Elmano Santos o ter resgatado do esquecimento, com a expulsão do argentino. Ainda assim, os dois remates em 45 minutos dizem o suficiente a respeito do tema. Quanto ao FC Porto, fica a curiosidade de ver como, na próxima semana, em Penafiel, se desunha sem Lucho, Quaresma e Cech em simultâneo. Pelo menos.  

Ficha de jogo

Estádio do Dragão | relvado: excelente | espectadores: 45 828 | árbitro: Elmano Santos [Funchal]| assistentes: Fernando Pereira [Braga] e António Martins [Braga] | 4º árbitro: Marco Delgado

FC Porto 1 - Leiria 0
GOLOS [1-0] Adriano 44’

FC Porto
1 Helton GR
4 Pedro Emanuel LD
14 Pepe DC
35 Marek Cech LE 45’
18 Paulo Assunção MD
16 Raul Meireles MO
8 Lucho MO
17 Jorginho AD
27 Alan AE
28 Adriano AV 85’
9 McCarthy AV 64’
T: Co Adriaanse
99 Vítor Baía GR
3 Ricardo Costa DC 45’
13 Bruno Alves DC
6 Ibson MD 85’
25 Ivanildo AE 64’
11 Lisandro AV
39 Hugo Almeida AV

Amarelos 39’ Lucho González; 41’ Cech; 82’ Lucho González; 85’ Paulo Assunção; 90’+4 Helton
Vermelhos 82’ Lucho González

FC Porto
12 remates
0 poste
6 à baliza
1 golos
5 fora
1 pequena-área
5 grande-área
6 fora da área
8,3 % eficácia remate/golo
16 faltas cometidas
4 cantos
5 foras-de-jogo

Fonte:OJogo

Imagens:Gettyimage